São Paulo, 21 de dezembro de 2010.
Senadora Serys Slhessarenko,
Relatora-Geral do Orçamento da República
Congresso Nacional
Senhora Senadora,
Em nome da Sociedade Brasileira de Física (SBF), associação científica
que
reúne mais de 6 mil profissionais com atuação nas áreas de ensino,
pesquisa e inovação, e que sempre esteve à frente na defesa das
bandeiras
de construção de um Brasil mais forte, justo e soberano, venho
expressar
minha perplexidade e indignação diante das notícias de que cortes
estariam
sendo propostos no Orçamento da República para o ano de 2011, afetando
seriamente as áreas de Educação, Ciência e Tecnologia.
Já de algum tempo a SBF vem defendendo a ideia de que a ciência
brasileira
atingiu o patamar crítico para ser considerada como um efetivo
instrumento
de transformação de nossa sociedade. O Brasil tem nas próximas décadas
uma
preciosa e última janela de oportunidade de se afirmar perante o mundo
como uma nação moderna, crescendo de maneira forte e de modo a, enfim,
incorporar milhões de brasileiros em sua cidadania plena. E isso há de
ser
feito com mais, e não com menos, educação, ciência e tecnologia.
Educação, para resgatarmos a dívida histórica com nosso povo, de
inclusão
social através de uma educação pública de qualidade em todos os
níveis, o
que requer – além de recursos diretos – a continuidade de uma política
de
investimentos na formação de recursos humanos qualificados.
Ciência, para que os problemas especificamente brasileiros, de que são
exemplos o desenvolvimento sustentável da Amazônia, e o de nosso mar e
recursos costeiros, e a eliminação ou controle das doenças
neglicenciadas
e/ou ressurgentes, entre outros, possam ser enfrentados com a
incorporação
do mais avançado conhecimento científico em disciplinas novas e de
fronteira, como a nanotecnologia, a biotecnologia e as tecnologias
convergentes. Ao mesmo tempo, é preciso não descurar, mas ao invés,
consolidar, os grandes avanços já alcançados em diversas áreas, que
fazem
com que o Brasil, hoje, tenha uma presença científica de crescente
destaque mundial.
Tecnologia, enfim, para nos permitir saltos de qualidade na solução de
problemas de uma sociedade em transição, em que as questões de
mobilidade
urbana e logística de transportes, controle da violência e defesa da
soberania, a melhoria da saúde e, até mesmo, a necessidade da
disseminação
das práticas esportivas entre a juventude dependem cada vez mais de
soluções técnicas inovadoras, que podem ser aqui desenvolvidas, com
emprego de nossa gente, cada vez mais bem capacitada.
Custa crer que sejam verdadeiras as notícias de que, hoje, em um País
que
enfim se põe de pé em condições de mirar seu próprio futuro, estejam
em
cogitação cortes no orçamento que incidam sobre essas áreas portadoras
do
amanhã tão desejado.
Apelo a V.Exa. e a seus nobres colegas, para que – com os corações e
mentes voltados para o futuro – assegurem neste mês de dezembro de
2010 a
confiança na transformação profunda deste País, que só se fará com a
preservação e continuidade das políticas de educação, ciência e
tecnologia. Que o Congresso nacional tome a decisão histórica de
instituir
uma prática de CORTE ZERO EM EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA!
Atenciosamente,
Celso P. de Melo
Presidente
Sociedade Brasileira de Física
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