vou publicar um artigo de um colega da ufrn, sobre o assunto em discussão no âmbito da sociedade brasileira de Física, eu concordo plenamente com o conteúdo do artigo, vale a pena ler e se conscientizar com a questão ética, que é importante tanto no ambiente de trabalho como na sociedade em geral.
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Por que recontratar um professor aposentado?
Prezados(as) Colegas:
A carta aberta assinada por grande maioria dos professores do
Departamento de Física da UFPE tem gerado discussão. Venho compartilhar
aqui pontos que julgo serem pertinentes.
Professores aposentados podem e devem voltar à vida acadêmica. Para
isso existem bolsas e contratos temporários de professores visitantes.
Por que, então, recontratar um aposentado como permanente?
Por um lado, o argumento aparentemente se resume a não-ilegalidade de
um professor permanente aposentar-se como servidor público e
imediatamente em seguida, ou até antes, prestar concurso público e
ingressar novamente como permanente na mesma instituição, para acumular
mais um salário. A Lei permite que um professor participe na tramitação
dos regulamentos e procedimentos para um concurso e em seguida preste
esse concurso para ser recontratado. A letra da Lei permite a
duplicação de salário via o reingresso de um professor permanente na
mesma instituição.
Por outro lado, o argumento contrário, de natureza mais ética do que
legalista, visa priorizar o interesse público no sentido de otimizar o
custo-benefício não somente para o docente como indivíduo mas também
para a instituição e para toda a sociedade. O ponto chave é que a
recontratação na mesma instituição de um professor permanente para fins
de duplicação de salário, especialmente quando há conflito de
interesses, é algo indesejável e ruim para a instituição e para a
sociedade. Notem que não haveria polêmica se o salário não acumulasse.
Ambos os argumentos estão tecnicamente corretos, pois não há Lei
contra manipulação indireta dos Editais e comissões de seleção etc., mas
também a duplicação de salário via recontratação como professor
permanente de um aposentado, especialmente na mesma instituição, é
eticamente suspeita. Sem dúvida, o professor que indiretamente
influencia na sua própria recontratação para duplicar o salário tem um
conflito de interesses bastante óbvio. Esse tipo de comportamento não
transmite confiança e segurança para os demais professores, muito menos
para os jovens pesquisadores e alunos.
Ora, se ambos argumentos estão tecnicamente corretos, então resta
escolher o mais forte. A solução do dilema, portanto, depende da ordem
de prioridade que atribuímos aos princípios relevantes: O interesse
público por um lado versus o direito do indivíduo, na legislação
vigente, para buscar a duplicação de salário via a recontratação como
professor permanente, mesmo quando há um conflito de interesses óbvio.
Visto assim, o dilema se resolve. Nesse contexto, encaminho abaixo
textos de documentos emitidos pela minha instituição e também por outras
universidades sobre o assunto. Na minha opinião, o assunto é
importante e deve ser levado ao MEC.
Gandhi Viswanathan (UFRN)
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